quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

" — Tom, não deixe ninguém divertir-se à sua custa...

...Tudo é pessoal, todo pedacinho de negócio. Todo pequeno aborrecimento que todo homem tem de engolir todos os dias de sua vida é pessoal. Chamam a isso de negócio. Muito bem. Mas é absolutamente pessoal. Você sabe com quem aprendi isso? Com Don Corleone. Meu velho. O Padrinho. Se um raio atingisse um amigo seu, o velho tomaria isso como um caso pessoal. Ele considerou o meu ingresso no Corpo de Fuzileiros Navais como um caso pessoal. Isso é que o faz grande. O Grande Don. Ele toma tudo como caso pessoal. Como Deus. Ele conhece até as penas que caem da cauda de um pardal ou qualquer outra coisa que ocorra. Certo? E você sabe alguma coisa? Acidentes não acontecem a pessoas que tomam os acidentes como um insulto pessoal. Assim, cheguei tarde, muito bem, mas estou vindo ainda a tempo. É bem certo, estou tomando essa cara quebrada com um caso pessoal; é bem certo, tomo a tentativa de Sollozzo de matar meu pai como um caso pessoal.

Deu uma gargalhada e prosseguiu:

— Diga ao velho que aprendi isso com ele e que estou contente por ter tido a oportunidade de pagar o que ele fez por mim. Ele foi um bom pai.

Fez uma pausa e em seguida disse pensativamente para Hagen:

— Você sabe, não me lembro de ele ter batido em mim. Ou em Sonny. Ou em Freddie. E com a minha irmã Connie naturalmente ele nem mesmo gritou. E diga-me uma coisa, Tom, quantos homens você acha que Don Corleone matou ou mandou matar?

— Vou dizer uma coisa que você não aprendeu com ele: falar da maneira que você está fazendo agora — retrucou Hagen. Há coisas que precisam ser feitas, que as fazemos e nunca falamos nelas. Não tentemos justificá-las. Não podem ser justificadas. Apenas as fazemos. Depois as esquecemos.

Michael Corleone franziu as sobrancelhas e perguntou calmamente:

— Como consigliori, você pensa que é perigoso para Don Corleone e nossa Família deixar Sollozzo com vida?

— Sim — respondeu Hagen.

— Muito bem — finalizou Michael. — Então eu o matarei.”

O Poderoso Chefão - Mario Puzo

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